domingo, 16 de janeiro de 2011

14:17


Se derem tempo a uma pessoa, ela habitua-se a tudo. Ao bom e ao mau, á rejeição, ao desprezo, á irritação, aos nervos, ás desilusões, ás lágrimas e ás tristezas. Habitua-se a coisas que nunca esperou viver e começa a aceitar isso como um facto que não se pode mudar. Habitua-se a ver alguém cair e não poder fazer nada para a agarrar, habitua-se a estar calada quando lhe apetece gritar aos ouvidos de alguém que aquele não é o caminho certo. Habitua-se a viver consoante os padrões que definiram para si numa determinada altura, e consegue viver em paz porque dispensou tempo a habituar-se a coisas que nunca julgou possíveis. Habitua-se às tentações e á ideia de lhes resistir, ás paixões e aos amores não correspondidos, e até ao mais complicados. Aos olhares mais misteriosos e aos actos mais estranhos. Habitua-se ás diferenças enormes e a encará-las como pequenos pormenores. Até se habitua a rir de atitudes que matam por dentro. E finalmente habitua-se a sorrir e a estar bem mesmo quando não está, porque sabe que um dia tudo muda. Simplesmente habitua-se, e deixa de achar os seus problemas grandes face a todos os que acontecem no mundo.
Uma pessoa, com tempo e com muita calma, habitua-se a tudo.

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